Previsão sazonal Inverno 2024/2025
O inverno está quase a chegar! O inverno meteorológico inicia-se a 01 de dezembro e termina a 28 de fevereiro de 2025, sendo baseado em médias climáticas e incluindo os meses mais frios do ano. Já o inverno astronómico começa com o solstício de inverno, que geralmente ocorre a 21 ou 22 de dezembro, (este ano a 21 de dezembro) e estende-se até ao equinócio da primavera, por volta de 20 ou 21 de março (em 2025 a 20 de março).
Ao contrário das previsões de curto prazo, que se baseiam em medições imediatas e modelos de alta resolução, as previsões sazonais analisam padrões climáticos de longo prazo e factores globais que influenciam o clima. Dados meteorológicos históricos são fundamentais, pois informações acumuladas ao longo de décadas ajudam a identificar padrões e variações sazonais típicas, sendo utilizadas em análises estatísticas para comparar as condições presentes com anos anteriores, identificando possíveis tendências. Fenómenos climáticos globais, como El Niño e La Niña, que afectam os padrões atmosféricos a nível mundial, ou a Oscilação do Atlântico Norte (NAO), que impacta diretamente o clima na Europa, também são considerados.
Que fenómeno é esse de El Niño ou El Niña? De que maneira influencia o tempo em Portugal?
El Niño é um fenómeno caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial central e oriental. Este aquecimento ocorre devido ao enfraquecimento dos ventos alísios (ventos predominantes na região), permitindo que as águas quentes do Pacífico ocidental se desloquem para leste, em direção à costa oeste da América do Sul. Este fenómeno provoca, muitas vezes, uma subida significativa das temperaturas ao nível global, e uma diminuição dos níveis de precipitação em muitos pontos do mundo.
Por outro lado, La Niña é o fenómeno oposto ao El Niño. É caracterizado pelo arrefecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial central e oriental. Durante a La Niña, os ventos alísios tornam-se mais fortes, empurrando as águas quentes ainda mais para oeste e trazendo águas mais frias à superfície no leste do Pacífico. Isso reflete, muitas vezes, numa redução ligeira das temperaturas médias e um aumento dos níveis de precipitação em muitas partes do planeta.
Atualmente, o fenómeno El Niña é evidentemente predominante, com uma anomalia negativa na temperatura das águas do Pacífico Equatorial central e oriental. Durante um evento de La Niña, Portugal tende a experimentar (de acordo com eventos anteriores) invernos mais frios do que o normal, devido à presença de massas de ar mais frias provenientes de norte, o que pode resultar em temperaturas mais reduzidas. Em termos de precipitação, os invernos de La Niña tendem a ser mais secos, com a precipitação abaixo da média, especialmente no sul do país.
Qual é a tendencia atual dos modelos meteorológicos?
De acordo com os mais recentes modelos meteorológicos analisados pelo André do Tempo, as projeções para este inverno indicam um cenário de precipitação dentro da média. A estação deverá ser caracterizada por períodos alternados de chuva e tempo seco, mantendo uma variabilidade típica do inverno em Portugal Continental.
Uma das tendências mais notórias para este inverno é o possível aparecimento frequente de depressões isoladas em altitude, conhecidas como cut-off, que poderão deslocar-se predominantemente a partir de leste. Estes sistemas de baixa pressão, formados sobre o continente europeu ou nas proximidades, têm o potencial de afectar sobretudo as regiões do Centro e Sul do país. Este padrão pode resultar em episódios de precipitação mais intensa, acompanhados de períodos de instabilidade atmosférica, nomeadamente trovoada e granizo.
Ao contrário do que é comum durante o inverno, há, para já, sinais de uma redução na frequência de tempestades provenientes do Atlântico. Este comportamento pode estar associado a padrões atmosféricos que favorecem o bloqueio das correntes de jato e a formação de sistemas de alta pressão sobre o Atlântico Norte. Assim, a influência de sistemas atlânticos, muitas vezes responsáveis por chuva intensa e vento forte no Norte e Centro, poderá ser menor.
Adicionalmente, espera-se uma maior frequência de centros de baixa pressão oriundos da Europa de Leste ou do Nordeste, os quais podem trazer consigo massas de ar mais frio e seco, afectando particularmente as regiões interiores e do Norte. Estes sistemas são geralmente menos húmidos do que os que chegam do Atlântico, mas podem contribuir para episódios de frio acentuado, especialmente nas zonas montanhosas.
E relativamente à temperatura?
O inverno de 2024/2025 em Portugal Continental deverá apresentar temperaturas médias que, na generalidade da estação, se situarão dentro ou ligeiramente acima do normal. No entanto, o mês de fevereiro poderá registar um desvio temporário com temperaturas dentro da média ou até ligeiramente abaixo, devido à possível entrada de massas de ar frias mais intensas provenientes de leste ou nordeste.
Os meses de dezembro e janeiro tendem a manter-se próximos ou acima das médias climatológicas. Esta análise está alinhada com a tendência global de subida gradual das temperaturas médias. Importa destacar que este aumento das médias, embora significativo a longo prazo, não significa necessariamente calor em cada estação. Mesmo um aumento de 0,1°C nas médias anuais reflete mudanças climáticas consistentes, mas isso não exclui períodos de frio intenso, como é típico do inverno.
Será expectável, portanto, que as temperaturas predominantes durante o inverno de 2024/2025 sejam características da estação, com oscilações significativas ao longo dos meses. Este comportamento incluirá períodos de subida e descida acentuadas nas temperaturas, refletindo a natural variabilidade do inverno em Portugal.
Os meses de janeiro e fevereiro destacam-se como os mais propensos a registar períodos de frio mais intenso, devido à influência de massas de ar provenientes de leste ou do norte da Europa. Este padrão poderá resultar em noites e dias frios, especialmente no interior e nas regiões do norte do país.
Em resumo: Perspectiva-se um inverno dentro das médias climatológicas, com precipitação dentro ou ligeiramente abaixo da média. Esperam-se períodos de chuva distribuídos ao longo dos meses, abrangendo todo o território de Norte a Sul, mas com maior instabilidade nas regiões do Centro e Sul. A frequência de tempestades provenientes do Atlântico deverá ser menor do que o habitual.
Quanto às temperaturas, estas deverão situar-se dentro ou ligeiramente acima da média, sendo provável a ocorrência de períodos mais frios, particularmente no início do ano, influenciados pela entrada de massas de ar frio provenientes de leste.
Esta análise, por se tratar de uma previsão sazonal, é sujeita a alterações significativas ao longo do tempo. Sugerimos o acompanhamento diário nas nossas plataformas.
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