Fim de semana dividido: da subida das temperaturas à possibilidade de trovoada no litoral
Que a meteorologia em Portugal tem vindo a passar por uma fase de instabilidade, não há dúvidas. Numa semana o frio aperta, noutra a chuva regressa, e na seguinte a temperatura sobe e o sol domina. E assim vai continuar, pelo menos ao longo deste mês de fevereiro.
Este sábado, espera-se a aproximação de um sistema frontal junto ao litoral de Portugal, tendo um movimento lento, e com tendência de enfraquecimento aquando da chegada à linha de costa (terra). Por isso, prevê-se períodos de céu nublado de norte a sul, com algumas abertas, e vento em geral fraco a moderado. A partir da tarde e durante a noite de sábado para domingo, aguarda-se um crescimento na possibilidade de aguaceiros e trovoada especialmente nas regiões junto ao litoral de Norte a Sul. A ocorrência de precipitação vai depender do maior ou menor deslocamento deste sistema frontal, não havendo, por enquanto, certezas quanto ao seu movimento.

As frentes atmosféricas são zonas de transição entre massas de ar com diferentes características de temperatura e humidade. Em Portugal, os sistemas frontais estão frequentemente associados a depressões extratropicais que se deslocam do Atlântico em direção ao continente europeu. No entanto, nem todas as frentes chegam à costa com a mesma intensidade com que se formaram, sendo comum o seu enfraquecimento devido a fatores dinâmicos e termodinâmicos.
A deslocação de um sistema frontal é determinada pela interação entre a circulação atmosférica de grande escala e os gradientes térmicos existentes. Quando um sistema frontal se move lentamente, isso pode indicar que se encontra numa região de fraco gradiente de pressão ou que está associado a um fluxo zonal menos pronunciado.
Ao aproximar-se da costa portuguesa, vários fatores podem contribuir para o enfraquecimento da frente:
- Redução do Gradiente Térmico – As frentes ganham força quando existe um forte contraste de temperatura entre as massas de ar frio e quente. No entanto, ao mover-se para sul e para regiões de menor contraste térmico, a frente perde a sua capacidade de gerar forte convecção e precipitação intensa.
- Interação com o Relevo e a Circulação Regional – A presença da Península Ibérica pode modificar a dinâmica da frente, alterando o padrão do vento e reduzindo a progressão de ar frio na superfície. Esse efeito orográfico pode dissipar parte da estrutura frontal e enfraquecer os mecanismos responsáveis pela precipitação organizada.
- Diminuição da Disponibilidade de Humidade – Ao longo do percurso pelo Atlântico, a frente pode perder parte do seu conteúdo de vapor de água, especialmente se tiver sido precedida por outros sistemas que já tenham esgotado parte da humidade disponível na atmosfera.
Apesar do enfraquecimento, o sistema frontal ainda pode gerar fenómenos meteorológicos relevantes ao atingir a costa. A presença de ar instável e a entrada de humidade do oceano podem resultar em:
- Aguaceiros dispersos – Mesmo com um sistema frontal debilitado, a convergência de vento na superfície pode favorecer a formação de nuvens de desenvolvimento vertical e precipitação localizada.
- Trovoada – Em situações onde ainda exista alguma instabilidade atmosférica, pode ocorrer convecção suficiente para o desenvolvimento de células com atividade elétrica, especialmente no litoral e durante o período da tarde, quando a temperatura da superfície do mar pode reforçar a convecção.
Domingo há subida generalizada da temperatura máxima
Para domingo, é esperado um alívio na nebulosidade de Norte a Sul, com períodos de céu pouco nublado, e subida da temperatura máxima. Os termómetros deverão atingir até 20ºC em Faro, em Setúbal, e em Santarém, 19ºC em Beja, em Lisboa, em Leiria, e em Coimbra, 18ºC em Évora, e em Castelo Branco, 17ºC em Braga, 16ºC em Portalegre, em Aveiro, e no Porto, 15ºC em Bragança, em Viana do Castelo, em Vila Real, e em Viseu, e 13ºC na Guarda.

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