Temperatura máxima volta a subir esta segunda feira
Setembro vai terminar com uma nova subida da temperatura máxima – Termómetros vão chegar aos 32ºC no sul do país
Nova semana, novas mudanças no estado do tempo e fim do mês: Setembro vai terminar com subida da temperatura máxima de norte a sul de Portugal, com valores até 32ºC em alguns locais do interior sul.
A temperatura máxima esta segunda feira deverá rondar os 32ºC em Évora, 31ºC em Beja, 29ºC em Setúbal e Santarém, 28ºC em Faro, Castelo Branco e Lisboa, 27ºC em Portalegre, 25ºC em Coimbra, Vila Real e Bragança, 24ºC em Viseu e Leiria, 23ºC em Braga, 22ºC na Guarda, no Porto e em Aveiro, e 20ºC em Viana do Castelo.

Esta subida da temperatura máxima deve-se à influência de uma massa de ar quente atualmente presente no Norte de África, e que irá subir ligeiramente em latitude. Esta subida em latitude favorece um aquecimento diurno da temperatura, com valores acima da média para esta altura do ano.
As massas de ar quente que atingem Portugal têm origem no Norte de África, particularmente na vasta região do deserto do Saara, que gera grandes volumes de ar seco e extremamente quente. Este ar é carregado em direção à Península Ibérica por correntes atmosféricas de sul ou sudeste, frequentemente impulsionadas pela presença de áreas de alta pressão sobre o Mediterrâneo ou sistemas de baixa pressão situados a oeste da Península. Embora seja mais comum que este fenómeno ocorra durante os meses de verão, não é raro que, em setembro e outubro, essas massas de ar se desloquem até ao território português, afetando o padrão meteorológico de forma significativa*.
O dia desta segunda feira apresentar-se-á geralmente pouco nublado, com mais nebulosidade na região norte. Espera-se possibilidade para a ocorrência de chuva fraca no distrito de Viana do Castelo a partir das próximas horas e ao longo desta segunda feira.

Está prevista uma nova descida da temperatura máxima a partir de terça feira, exceto no sotavento algarvio.
*O padrão meteorológico nesta altura do ano já não é o mesmo do que em Julho, por exemplo. Um dos principais efeitos da presença de uma massa de ar quente é o aquecimento diurno. Durante o dia, o sol forte e a atmosfera seca proporcionada pelo ar africano criam condições ideais para um aquecimento rápido e acentuado da superfície terrestre. Este fenómeno é especialmente evidente em zonas com menor humidade atmosférica, como o interior sul de Portugal, onde a evapotranspiração é baixa e o solo absorve calor de forma mais intensa. O resultado são temperaturas diurnas muito elevadas, acima do normal para esta época do ano.
Contudo, o efeito deste ar quente traduz-se, nesta altura do ano, essencialmente apenas no calor durante o dia. A amplitude térmica refere-se à diferença entre a temperatura máxima registada durante o dia e a mínima registada durante a noite. Em Portugal, no mês de outubro, mesmo com a presença de uma massa de ar quente vinda do Norte de África, a amplitude térmica pode ser surpreendentemente grande. Isto acontece porque, embora as temperaturas diurnas possam ser elevadas devido à influência deste ar quente, as noites de outono já começam a ser frias, criando uma variação significativa entre o dia e a noite.
Este processo de arrefecimento rápido ocorre devido à “perda radiativa”, ou seja, a capacidade da Terra de emitir para o espaço o calor que acumulou durante o dia. Com uma atmosfera mais seca e menos humidade, não há um “manto” de vapor de água para reter esse calor, o que faz com que a libertação de calor para a atmosfera seja mais eficaz. Por isso, durante as noites de outubro, mesmo com a presença de massas de ar quente, as temperaturas caem rapidamente, resultando numa grande amplitude térmica.

Outro fator que contribui para esta variação térmica é o facto de, em outubro, a duração do dia já ser significativamente menor do que nos meses de verão. Com o sol a pôr-se mais cedo e a nascer mais tarde, o período noturno é mais longo, permitindo que a superfície terrestre tenha mais tempo para arrefecer. Em muitas regiões de Portugal, sobretudo no interior, as noites podem ser particularmente frias, com temperaturas que descem para valores bastante inferiores aos registados durante o dia.
Este arrefecimento noturno é, em grande parte, também resultado da menor capacidade da atmosfera de reter calor à noite devido à ausência de nuvens. Durante o dia, o céu limpo permite que o sol aqueça intensamente a superfície, mas à noite, essas mesmas condições contribuem para uma rápida perda de calor. As nuvens, quando presentes, atuam como uma “barreira” que impede a perda de calor da superfície terrestre. Contudo, sob a influência de massas de ar quente e secas, as condições de céu limpo prevalecem, facilitando o arrefecimento acentuado das temperaturas à noite.
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