Nova depressão atmosférica pode trazer inundações em Espanha
Uma nova depressão isolada poderá trazer complicações a algumas partes de Espanha ao longo desta semana, principalmente a partir de quarta feira. O teor desta depressão terá semelhanças com a anterior, que causou perturbações significativas em algumas regiões.
DANA significa “Depressão atmosférica isolada em níveis altos”
DANA é um fenómeno que ocorre quando uma porção de ar frio se desprende da circulação principal da atmosfera, formando uma região de baixa pressão isolada em níveis elevados da atmosfera. Em espanhol, é também chamada de Depresión Aislada en Niveles Altos, e é comum o uso desse termo em países europeus, como Portugal e Espanha, onde esse fenómeno é relativamente frequente.
Uma nova depressão atmosférica está atualmente em fase de formação entre a Alemanha e Dinamarca, progredindo durante os próximos dias para França, Espanha, e por fim, Portugal Continental.
Este novo centro de baixas pressões deverá conter no seu núcleo uma bolsa de ar frio mais significativa do que a anterior, com a ISO* abaixo de 0ºC.
*ISO – A isoterma é uma linha desenhada num mapa meteorológico que liga pontos com a mesma temperatura num dado momento. Ou seja, representa áreas onde a temperatura é igual. As isotermas ajudam a perceber, de forma rápida, as diferenças de temperatura numa região, mostrando onde está mais frio ou mais quente. O valor apresentado (abaixo de 0ºC), indica que a temperatura a uma altitude na ordem de 1500 metros, estará a rondar os 0ºC ou inferior.
O núcleo frio de uma DANA cria um gradiente de temperatura vertical significativo quando interage com o ar quente e húmido da superfície. Este gradiente gera instabilidade atmosférica, o que favorece o desenvolvimento de nuvens de grande extensão vertical, como cumulonimbos, que estão associadas a chuva forte e trovoada. A intensidade dos efeitos de uma DANA com núcleo frio depende de fatores como a temperatura e humidade do ar, a orografia e a velocidade com que a depressão se desloca. Nas regiões onde uma DANA com núcleo frio se estabelece, é comum observar precipitação intensa e concentrada, pois a interação entre o ar frio no núcleo da DANA e o ar quente da superfície pode resultar em chuvas torrenciais, muitas vezes localizadas e concentradas num curto espaço de tempo (como as observadas recentemente em Valência).
Células convectivas associadas à DANA
Este tipo de precipitação é especialmente perigoso em zonas urbanas e montanhosas, onde o escoamento é limitado, aumentando o risco de cheias rápidas e deslizamentos de terra. Além disso, a presença de ar frio no núcleo cria condições favoráveis para a formação de trovoada e, em alguns casos, com granizo, que ocorre devido à forte convecção, que faz com que partículas de gelo se formem e cresçam dentro das nuvens até atingirem um tamanho considerável e caírem.
Devido ao seu isolamento da circulação atmosférica principal, a trajetória de uma DANA com núcleo frio é difícil de prever, com uma movimentação que pode ser lenta e gradual, o que dificulta a previsão precisa do local e intensidade dos seus efeitos; pequenas alterações na posição de uma DANA podem resultar em grandes variações nas condições meteorológicas observadas à superfície.
O ar frio no núcleo da DANA é o que permite que este fenómeno mantenha a sua instabilidade e capacidade de gerar precipitação intensa. Enquanto uma DANA mantém o seu núcleo frio, continua a alimentar o processo de convecção, que gera as nuvens de tempestade e a chuva. Se o núcleo começar a aquecer, a DANA tende a dissipar-se, pois o gradiente de temperatura deixa de ser suficiente para sustentar a instabilidade atmosférica.
Esta bolsa de ar frio também age como uma “bomba” meteorológica: ao encontrar ar mais quente e húmido na superfície, desencadeia reações convectivas que aumentam a intensidade das precipitações e trovoada. A forma como a DANA interage com o relevo terrestre, como montanhas, também pode intensificar os efeitos, fazendo com que o ar húmido suba e crie condições para precipitação ainda mais intensa.
A temperatura da água do mar mais elevada em Espanha ajuda na evolução de nuvens de desenvolvimento vertical, tal como verificado nas últimas semanas.
O André do Tempo continuará atento!
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