Agravamento do estado do tempo no norte e centro
O estado do tempo vai sofrer um agravamento no norte e centro de Portugal entre a manhã desta quarta feira e a madrugada de quinta
Um conjunto de frentes associadas a uma depressão (centro de baixas pressões) localizada no oceano atlântico, a noroeste, irá provocar um agravamento das condições meteorológicas no norte e centro de Portugal durante 24 horas.
A partir da manhã/início de tarde desta quarta feira, é esperada a ocorrência de precipitação nas regiões do norte e centro, sendo por vezes forte e persistente principalmente a partir do final da tarde.
Um fluxo húmido de oeste permitirá a queda constante de chuva, com níveis extremos de humidade relativa do ar.
Em 24h poderão cair mais de 150mm de precipitação nas regiões montanhosas do litoral norte do país.
No restante território, estão previstos períodos de céu nublado e possibilidade para a ocorrência de chuva fraca ou chuviscos com o decorrer do dia de quarta, em especial no litoral oeste, Área Metropolitana de Lisboa e Alto Alentejo.
O vento vai aumentar de intensidade a partir da madrugada e manhã de quarta: É esperado um pico na intensidade do vento com o decorrer do dia e na madrugada de quinta feira, com particular atenção para o litoral e regiões montanhosas do norte e centro. As rajadas deverão ultrapassar os 70km/h no litoral norte e centro, e os 90km/h a 100km/h nas regiões montanhosas do norte e centro.
Perspetiva-se uma ligeira subida das temperaturas.
Esta situação é fora do comum em Portugal? A resposta é não!
Portugal está localizado numa região altamente vulnerável à passagem de depressões atmosféricas. Significa isso que, principalmente o norte e o centro, são territórios mais frequentemente afectados pelas depressões durante o outono e inverno, com períodos de chuva prolongados e ventos fortes. Já o sul do país, nomeadamente o Alentejo e o Algarve, possuem características mais mediterrânicas, com verões quentes e secos e invernos mais amenos, ainda que as depressões também possam afetar esta região, principalmente entre outubro e abril.
A costa oeste de Portugal é particularmente vulnerável às depressões que se formam no Atlântico Norte, muitas vezes como consequência do chamado “jet stream” polar, uma corrente de ar rápido que transporta sistemas de baixa pressão para sul durante os meses de inverno. Quando estas depressões atingem a costa, trazem consigo chuvas abundantes e, em alguns casos, tempestades violentas. O norte e o centro do país, devido à proximidade com o Oceano Atlântico e à orografia montanhosa, tendem a ser as zonas mais afectadas.
Nos últimos anos, Portugal tem sido ocasionalmente afectado por depressões de grande intensidade, que trazem ventos ciclónicos e precipitação forte. Estes sistemas podem ser classificados como ciclones extratropicais, que são mais comuns em latitudes temperadas e podem atingir ventos superiores a 100 km/h. Um exemplo notável é a depressão Elsa, que afectou Portugal em dezembro de 2019, causando estragos significativos em várias regiões do país, com inundações e queda de árvores.
Outro fenómeno que merece destaque são os ciclones tropicais ou subtropicais que, embora raros, podem afetar Portugal. O exemplo mais recente foi o furacão Leslie, em outubro de 2018. Embora tenha chegado a Portugal já desclassificado para tempestade pós-tropical, Leslie trouxe ventos fortes e chuvas intensas, afetando principalmente as regiões do centro e norte do país. Estes fenómenos são mais comuns nas ilhas dos Açores, que se encontram numa posição mais exposta a sistemas ciclónicos formados no Atlântico.
As áreas montanhosas do Minho e Trás-os-Montes, como as serras da Peneda, Gerês e Marão, estão expostas à influência das depressões atlânticas, especialmente durante os meses de outono e inverno. Estas regiões são conhecidas pela sua orografia acentuada, o que intensifica o efeito das precipitações.
O efeito orográfico, que ocorre quando o ar húmido vindo do oceano Atlântico é forçado a subir ao encontrar as montanhas, causa a condensação rápida do vapor de água, levando a fortes chuvas. As regiões montanhosas são, por isso, muito suscetíveis a acumulados elevados de precipitação, especialmente durante episódios de depressões atlânticas mais intensas.
Sugerimos o acompanhamento em tempo real no André do Tempo e no IPMA.
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