Frente fria e pós frontal ao longo desta quarta feira

Prevê-se ao longo do dia desta quarta feira a passagem de uma frente fria em Portugal Continental, do litoral para o interior, e o consequente pós frontal. São de esperar aguaceiros e trovoada em qualquer parte do território, com boas abertas.

Imagem de radar de precipitação – IPMA

Uma frente fria é a linha de demarcação entre uma massa de ar frio e uma massa de ar quente. As massas de ar frio, sendo mais densas e pesadas, deslocam-se com maior rapidez, forçando o ar quente a elevar-se. Quando essa fronteira entre as duas massas de ar se forma, ocorrem processos de convecção que resultam em mudanças bruscas no estado do tempo.

Depois que a frente fria passa, ocorre o que é chamado de “pós-frontal”. Esta fase é caracterizada pela presença de ar frio e seco, e também pelas mudanças no padrão atmosférico, o que resulta numa melhoria gradual nas condições meteorológicas. O pós-frontal pode ser tão importante quanto a própria frente fria, pois tem implicações diretas no comportamento do tempo nas horas ou dias subsequentes.

Frente fria desta quarta feira sobre Portugal Continental – MetOffice

Uma das principais características do pós-frontal é a entrada de ar frio e mais seco. Após a frente passar, o ar que predomina é de origem polar ou marítima, sendo consideravelmente mais fresco do que o ar quente que estava presente antes da passagem. Embora durante a passagem da frente fria o céu fique coberto por nuvens espessas, no pós-frontal estas nuvens começam a dissipar-se. O vento torna-se mais forte, geralmente soprando de norte ou noroeste, o que ajuda a limpar o céu. No entanto, os ventos podem ser frios, contribuindo para a sensação térmica ainda mais baixa.

Os aguaceiros e trovoada associados à passagem de uma frente fria e ao seu pós-frontal são fenómenos meteorológicos intensos e frequentes, principalmente devido à dinâmica atmosférica que ocorre entre a massa de ar quente e a massa de ar frio.

Quando uma frente fria avança, a massa de ar frio, que é mais densa, empurra a massa de ar quente para cima. Esta ascensão forçada do ar quente é um dos principais mecanismos responsáveis pela formação de nuvens de desenvolvimento vertical, como os cumulonimbus, que são as responsáveis por aguaceiros e trovoadas.

Os aguaceiros associados às frentes frias costumam ser intensos, mas de curta duração. Ao contrário da chuva contínua e uniforme que se associa, por exemplo, a uma frente quente, os aguaceiros de uma frente fria têm um carácter mais localizado e são frequentemente intermitentes. Isso ocorre porque o ar quente, ao ser forçado a subir rapidamente, condensa de forma intensa, mas em áreas mais limitadas.

Pós frontal associado à frente fria – Modelo ECMWF

Os aguaceiros podem variar em intensidade, desde precipitação moderada até precipitação forte em curtos períodos de tempo. Dependendo da quantidade de humidade presente na atmosfera e da intensidade da convecção, os aguaceiros podem ser responsáveis por precipitações significativas, o que aumenta o risco de inundações rápidas, especialmente em áreas urbanas.

As células convectivas são colunas de ar que sobem devido ao aquecimento da superfície e à instabilidade atmosférica. No pós-frontal, estas células podem continuar a formar-se em determinadas condições, embora com uma intensidade menor em comparação com o que ocorre durante a frente fria.

As trovoadas pós-frontais tendem a ser isoladas, ocorrendo em células convectivas dispersas. Este fenómeno é comum em áreas onde o relevo favorece o desenvolvimento de correntes ascendentes de ar, como zonas montanhosas ou junto a grandes corpos de água (mar ou rios). Embora estas trovoadas sejam geralmente de curta duração, podem ser intensas em termos de precipitação e rajadas de vento. A convecção que se desenvolve no pós-frontal pode ainda gerar descargas elétricas, tornando a trovoada perigosa, especialmente em áreas ao ar livre.

1 comentário

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Anónimo

Obrigado André por esta valiosa informação 😘

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