Março termina com temperaturas acima da média e estabilidade atmosférica

Este mês de março tem vindo a ser marcado por instabilidade atmosférica e precipitação acima da média, no entanto, irá terminar com estabilidade e temperaturas acima da média de Norte a Sul.

A presença e consolidação do anticiclone é a causa para o atual padrão atmosférico em Portugal Continental, ao contrário de todo o mês de março até à data. Contudo, nesta quinta feira, será expectável a formação de aguaceiros e trovoada nas regiões montanhosas do Interior Norte e Centro do país.

A instabilidade atmosférica por convecção é um fenómeno comum na primavera e no verão, sobretudo no interior de Portugal, devido a uma combinação de fatores meteorológicos e geográficos.

Durante estas estações, a radiação solar intensa aquece rapidamente a superfície terrestre, especialmente em regiões do interior, onde a influência do oceano é menor e as amplitudes térmicas são mais acentuadas. Este aquecimento provoca o aumento da temperatura do ar junto ao solo, tornando-o menos denso e levando-o a subir. À medida que o ar ascende, arrefece e pode atingir o ponto de condensação, formando nuvens de desenvolvimento vertical, como os cumulus e, em condições mais instáveis, os cumulonimbus, responsáveis por aguaceiros e trovoadas.

Além do aquecimento diurno, outros fatores contribuem para a instabilidade. O relevo acidentado, como nas serras do interior, favorece a ascensão do ar, intensificando a convecção. A presença de ar frio em altitude aumenta a diferença de temperatura entre a superfície e a troposfera, tornando a atmosfera mais instável. Se houver humidade suficiente, a convecção pode gerar precipitação intensa e, por vezes, granizo. Estes episódios de instabilidade atmosférica são mais frequentes durante as tardes, quando o aquecimento é máximo, e tendem a dissipar-se ao final do dia com a perda de calor da superfície.

Instabilidade de primavera é comum em boa parte do território continental, no entanto, desta vez ocorrerá apenas esta quinta feira e numa área restrita às regiões montanhosas do Interior Norte e Centro (como mencionado anteriormente).

Massa de ar quente temporária entre sexta e segunda feira

A subida em latitude de uma massa de ar quente (ou ainda ameno), vai provocar uma subida generalizada das temperaturas entre o final desta semana e o início da próxima. Os termómetros vão ultrapassar, sem dificuldade, valores de 25ºC em vários pontos do território continental.

Quando um anticiclone se instala sobre Portugal Continental em março ou abril, o tempo torna-se geralmente estável, com céu pouco nublado, temperaturas amenas durante o dia e uma redução significativa da precipitação. Este fenómeno ocorre devido à presença de uma área de alta pressão, caracterizada pela subsidência do ar, um processo em que o ar desce na atmosfera, comprimindo-se e aquecendo adiabaticamente, o que reduz a humidade relativa e inibe a formação de nuvens.

Na primavera, a instalação de um anticiclone pode estar associada ao Anticiclone dos Açores, que se desloca para leste ou expande a sua influência sobre a Península Ibérica, bloqueando a progressão das depressões atlânticas e impedindo a chegada de frentes associadas. Além disso, se a alta pressão persistir durante vários dias, pode formar-se uma inversão térmica, um fenómeno em que o ar frio fica retido junto à superfície devido à subsidência anticiclónica, dificultando a convecção e contribuindo para um ambiente seco e estável.

Em alguns casos, a presença do anticiclone pode favorecer um aquecimento diurno mais acentuado, especialmente no interior, onde a menor influência marítima permite um aumento da amplitude térmica. No entanto, se o anticiclone for acompanhado por uma circulação de leste, pode transportar ar seco e quente do interior da Península ou até do Norte de África, provocando temperaturas anormalmente elevadas para a época. Por outro lado, se a sua posição permitir a entrada de ar marítimo, pode ocorrer a formação de neblinas ou nevoeiros costeiros devido ao arrefecimento noturno sobre o oceano.

Ao longo dos dias, espera-se a formação de nevoeiro e/ou neblina durante os períodos da noite e manhã.

O André do Tempo sugere o acompanhamento em tempo real nas plataformas digitais, através do Facebook, Instagram e Tik Tok. Explore o nosso website e siga em tempo real as imagens de satélites atuais, radar de precipitação e detetor de descargas eléctricas (trovoada). Pode ainda consultar as atuais tendências dos modelos meteorológicos, na página “Modelos de previsão” inserida em andredotempo.pt. Acompanhe ainda as principais atualizações no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em ipma.pt.